Iniciamos hoje o primeiro relato do diário de bordo, onde você acompanhará nossas experiências nesta produção realizada pela equipe Rastro, financiada pelo edital de seleção pública da Eletrobras – CGTEE. Para divulgação do conteúdo gerado nesta obra contaremos com o apoio do Coletivo Fora do Eixo – atravez da DF5, sua distribuidora alternativa de filmes, ONGs, instituições de ensino, cultura, arte e meio ambiente, tudo para levar mais longe a realidade quase invisível da sociedade, cultura e ambiente encontrada na região da campanha do estado do Rio Grande do Sul.
Após dois meses de pré-produção, partimos na manhã do dia 12 de outubro em direção a Candiota para iniciar a gravação das imagens do documentário.
Assim que nos afastamos da cidade de Pelotas logo foi surgindo o sentimento de prazer e realização por estar viajando mais uma vez em busca das belezas desse Rio Grande. Uma satisfação incrível por fazer parte deste trabalho de formiguinha, construindo em conjunto na busca por dias melhores, com pessoas sensíveis e dispostas a fazer a diferença.
Logo quando nos aproximávamos da propriedade onde iríamos montar o acampamento, brilhou na porteira o sorriso sincero do dono das terras e de sua família, que aproveitavam o feriado do dia das crianças para reunir os parentes em uma “churrascada”. Fomos recebidos com muito carinho e confiança, ficamos muito gratos por aquele momento. Grande “Seu Adão”, sabedoria e humildade em pessoa.
Com as chuvas da semana anterior os níveis dos rios subiram alagando boa parte dos campos e matas ciliares, transformando o rio antes tranqüilo em uma corrente de força e beleza, levando a vida em suas veias.
Com o acampamento instalado, câmeras preparadas, adrenalina no sangue, partimos então para a ação… Começava o primeiro dia de filmagens do documentário Candiota Natural – Sociedade, Cultura e Ambiente.
Registramos muitas interações nestes dias, como a comunidade que vive nos assentamentos e o ambiente natural da região. Através do diálogo com alguns moradores, vimos que eles possuem uma percepção muito peculiar da sua relação com a natureza, tendo o ambiente como grande fonte de sustento, na maioria das vezes de forma não sustentável, mas como falamos, “na maioria das vezes”, existem boas exceções.
São as exceções que servem de exemplo para a propagação de uma nova cultura, de um novo viver, que insere a natureza como parte do homem e não somente como sua propriedade.
É sempre presente em nossos trabalhos a ligação com a terra que nos alimenta. Perceber essa ligação é algo único, complexo e belo. Emaranhado em nossas raízes, mas que poucos notam e dão o devido valor. Um dia alcançaremos essa consciência, até lá vamos continuar nessa estrada de erros e acertos, de ensinar e aprender, de desvendar e construir o saber.
Em breve, mais relatos e imagens desta produção.